Museu em Movimento: Lauro de Freitas em busca de sua própria narrativa

Lauro de Freitas tem mais de 200 mil habitantes, uma diversidade cultural profunda e territórios vivos de memória. Mas ainda não tem um museu que conte sua história com a voz de sua gente. Agora, diante de mudanças rápidas e intensas, é hora de decidir: que museu queremos? Para quem? Com que memória?

A proposta da roda de conversa “Museu em Movimento – Identidade, Educação e Transformação”, a ser realizada no dia 16 de maio de 2025, surge nesse contexto, como resposta simbólica e política da campanha #MuseoJá de iniciativa do jornalista e arte educador Márcio Wésley, e também ao apagamento de mais de 10 anos do antigo Núcleo de Museu da cidade, como enfatiza a artista plástica e museóloga Kátia Cunha, para um chamado coletivo à construção de um novo caminho: um museu pensado com a cidade, não apenas para a cidade.

✊ Um museu que nasce do território e das experiências vivas

Lauro de Freitas não parte do zero. O bairro do Quingoma abriga dois núcleos exemplares de memória viva:

• Aldeia Thá-Fene: conduzida por lideranças indígenas, preserva e compartilha práticas espirituais, artísticas e educativas dos povos originários;

  
  

• Aldeia da Fonte: referência em oralidade, culinária ancestral e religiosidade das comunidades remanescentes de quilombo.

  
  

Essas experiências já são práticas museológicas em movimento, mesmo sem placa ou estrutura oficial. Elas poderiam ser um referencial para o museu que queremos? Mas as experiencias não se esgotam nelas. Nossa história é riquíssima considerando os engenhos, nossa Igreja Matriz, os conflitos interraciais, todas as religiosidades, nosso artesanato, e tantos talento exportados.

Mas talvez algumas referências possam ajudar na escolha do caminho, e usaremos este espaço para lançar algumas experiências. É o caso do Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre no interior de São Paulo.

Acervo do Museu Índia Vanuíre

🏛️ Referências que inspiram — e também ensinam

Olhar para o exemplo do Museu Índia Vanuíre, em Tupã (SP), é também parte desse processo. Com mais de 38 mil peças indígenas e uma estrutura tecnológica e acessível, em um espaço confortável, o museu mostra como cultura, memória e educação podem caminhar juntas. Mas também nos alerta: o museu celebra Vanuíre como pacificadora, enquanto representantes do povo Krenak denunciam que ela foi levada à força do Paraná, usada para facilitar a dominação colonial.

Ou seja, até os museus reconhecidos precisam ser espaços de escuta crítica. E o museu de Lauro de Freitas deve nascer já consciente disso.

Acervo do Museu Índia Vanuíre

📚 Cultura e educação: o impacto está nos números

Os dados do IDEB 2023 não deixam dúvidas: Lauro de Freitas tem desafios urgentes na educação. Com um índice de 3,6, muito abaixo da meta de 4,7, e um fluxo de aprovação de 0,84, algo precisa mudar. Enquanto isso, Tupã (SP), que abriga o Museu Índia Vanuíre, atinge IDEB 5,3 e fluxo 0,97.

Isso mostra que museu não é luxo – é política pública. Um museu construído com a comunidade pode reencantar o aprender, valorizar saberes locais e formar cidadãos mais críticos e conectados com suas raízes.

🤝 Participação comunitária é construção de futuro

A proposta da roda de conversa nasce com a convicção de que o museu que Lauro de Freitas precisa não será definido apenas pelo poder público, mas pela escuta das comunidades. Participarão do encontro:

• Mestres da cultura tradicional

• Artistas e educadores populares

• Representantes dos povos originários e quilombolas

• Estudantes, pesquisadores e agentes culturais

Um museu que considere os aspectos técnicos mas também moldado pelas vozes do território: dos terreiros, das marisqueiras, dos blocos de rua, das aldeias, das rodas de capoeira e dos espaços de resistência cultural. Um trabalho que nos enalteça a cultura, repercuta na educação e frutifique no turismo.

📣 Participe da Roda de Conversa – Museu em Movimento

🗓️ Data: Amanhã, 16 de maio de 2025 (quinta-feira)

🕙 Hora: 10h

📍 Local: Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão (SECULJE)

🎯 Tema: Museu em Movimento – Identidade, Educação e Transformação

Vamos refletir juntos: que museu queremos? Que memória merece ser contada? Como a cultura pode transformar a educação? Sua voz é parte desta construção.

📌 Lauro de Freitas não precisa apenas de um museu. Precisa de um museu que seja dela.

🔗 Mais informações em breve aqui no site da Lauro Criativa.