Mestre Fuscão

Naturalidade: João Pessoa-PB
Nascimento:11/04/1968
Atividades artístico-culturais: cantor, compositor e violinista.
Área de Atuação: Estado, Região, Cidade e Bairro
Email: contato@gmail.com
Telefone: (21) 9999999
Reinaldo Pedro da Cruz é dançarino, coreógrafo, cantor, compositor, ator e ativista cultural também navega na religiosidade negra em Lauro de Freitas.
Mestre Fuscão, nascido em Cosme de Farias, Salvador/Ba à 29 de julho, aniversaria com de São Pedro e é de 1968: “o ano que não acabou”. Dono de um sorriso que encanta pela autenticidade e simpatia é um artista múltiplo sensibilizado pela cultura popular afro-brasileira em Lauro de Freitas. Nos encontramos em plena pandemia do novocoronavirus, numa manhã ensolarada de 21 de dezembro de de 2020. Pra ele a solidariedade é a principal forma de combater a pandemia.
Pensar no outro é o que faz as pessoas agirem com a responsabilidade que o momento requer. A pandemia estacionou atividades programadas em Vitória da Conquista, Rio de Janeiro e retorno a França (comemoração do dia dos ciganos, dia de São Bartolomeu e Santa Madalena), quando lembra especialmente das localidades de Tours, Marselha e Montguyon de sua turnê a 16 cidades).
Teve seu despertar artístico no Colégio Lomanto Júnior por volta de 1982, quando conheceu o coral e pediu ao professora Divani (de Itapuã): “Eu nasci no dia de São Pedro! quero cantar para os pescadores (de Itapuã), quero cantar para São Pedro!” a música “A Barca” lhe impressiona até hoje.
Nesta mesma época se aproximou do teatro. As atividades artístico-culturais foram manifestações que tomaram Mestre Fuscão e lhe conduziram a organização de sua cabana. Pra ele “a arte é o que movimenta o homem para o sublime, alivia as tenções e afasta os preconceitos”. Entende que se deve fazer arte para sensibilizar sem compromisso de agradar, demonstrando estar mais preocupado com o papel crítico e menos com a plástica: “Com todos os problemas que a cultura popular enfrenta, ela mantem a missão de amenizar as dores do dia-a-dia”.
A Cabana do Fusão está Localizada no bairro de Itinga em Lauro de Freitas, Bahia, Brasil, local muito agradável, com um amplo espaço bem iluminado, ventilado, inspirador e aconchegante, o anfitrião que nos deixa à vontade: uma delícia. A Cabana sediou a companhia de dança, depois grupo de dança e também bloco carnavalesco, sob a denominação de Grupo Cultural Zambiã voltado para cultura afro, fundado em 02 de junho de 1992. Atualmente, a Cabana do Fuscão sedia as atividades da Banda Fuscão e Samba voltado para cultura popular misturando vários estilos de samba que foi premiada pelo Edital da Lei Aldir Blanc.
Fuscão é mestre de capoeira mas sua preferência fica mesmo por conta da dança afro. Também coreografa, canta, atua, compõe, é percursionista, dirige e produz. É uma inesgotável fonte de ideias e projetos, sempre tendo como foco a cultura popular, ele valoriza o estudo e a pesquisa para construção de sua arte. Mantem o espaço cultural-religioso Cabana do Fuscão, espaço sempre de portas abertas para manifestações de música, teatro e dança. Funciona também o Grupo de Capoeira Raízes da Senzala comandada pelo parceiro Mestre Beto e professor Vando, também com aulas de percussão. Já abrigou feiras de artesanato com parceiros de Itacaré (Casa de Boneco - 2015), Mestre Beti de Salinas das Margaridas, além de participantes oriundos da Pituba, Cosme de Farias, Itapuã, Engenho Velho.
Do Zambiã ele fala com sentimento. Registra pessoas especialmente fundamentais para a primeira formação do Zambiã: Dona Nalvinha mãe de Debora do Amor Divino, Dona Dora mão de Emanuele (Ex. Diretora de Cultura do Município): “elas apoiavam no que podiam”. Lembra ter inovado levando mulheres para percussão, primeira iniciativa semelhante em Lauro de Freitas. Com mulheres tocando, dançando e cantando foi inovação pra além de Lauro de Freitas. Se mostra muito agradecido a todos os colaboradores que acreditaram no projeto de sua iniciativa. Entende que houve uma fusão Fuscão-Zambiã com crescimento conjunto e mistura da identidade. Orgulha-se ter vivido o Zambiã, com sua fé e orixás; ter viajado à Espanha, França e tantas outras localidades além de ter participado de uma diversidade de atividades com o Araketo, Chiclete com Banana, Malê de Balê, Muzenza, etc.
Líder de umbanda, Reinaldo também é “de Santo”. Filho de Oxossi, de Xangô e guiado por Exu. Tem como mulher de sua vida Oxum mas sempre fazendo reverencias a Iemanjá e Iansã. O espaço religioso em “tempos normais” funciona “em tempos normais” às terças, quintas e sábados. Também reserva o espaço para atividades religiosas onde trabalha a diversidade ancestral negra, indígena, cigana, com os orixás, kardecistas e espíritas, introdução de folhas, aromas e rituais interagindo com a música e arte numa verdadeira experiência espiritual, facilitadora do destino de todos nós: a evolução.
Em 1990, montou seu primeiro espetáculo de dança que se chamou “Somos todos uma só tribo” na 1ª Oficina de Dança Afro de Lauro de Freitas, no Cine Teatro de Lauro de Freitas, Dança afro-contemporânea foi um espetáculo com vários módulos de dança, adaptação dos movimentos dos orixás a um tema de referência, percussão, movimentos de capoeira, como no espetáculo “Somos todos uma só tribo” com referências de Dorival Caymmi. Foi premiado com o Troféu Puã (1994) de Melhor solo de dança, melhor grupo de dança, melhor canto afro, melhor percussão, quando montou uma fusão de samba, dança, coral. Sempre aproveitando o melhor de cada artista, suas aptidões, identidade e adaptando para o espetáculo, Fuscão ensina o caminho para realização e sucesso.
No Samba Junino, até os anos 1990, com o Bibas Sambas (do Mestre Bibas), Mestre Fuscão foi protagonista em Lauro de Freitas. Era o samba sempre com temas do São João. Foi escola pra muita gente que pode aprender a tocar os instrumentos, como o próprio Mestre Fuscão na marcação, repique e timbal. Na levada do samba de roda, tinham disputas locais e depois com os bairros de Salvador, a exemplo de Nordeste de Amaralina, Engenho Velho de Brotas, Engenho Velho da Federação, Alto das Pombas, Santa Cruz (samba fundo com partido alto). Eram modalidades: melhor bateria, a rainha do samba, melhor figurino, melhor percussão e melhor cantor. O samba junino ajudou a apaziguar as divergências de bairro porque o cara de Portão sabia que tinha que ir pra Itinga, pro samba junino, então não aprontava. E vice-versa; além das paqueras também. Foi o nascimento de uma comunidade. Com a introdução dos instrumentos de corda foi necessário uma acomodação porque já era necessário uma afinação aos níveis deste instrumentos, apagando um pouco a liberdade da percussão, tendo como consequência o desmantelamento da proposta do samba junino, que deixou saudades. Eram verdadeiros desfiles espontâneos pelas ruas, passando nas casas da comunidade com muito samba junino, degustação daquele licorzinho e comidas típicas do São João.
No abertura do carnaval de Lauro de Freitas, a Banda Fuscão e Samba protagoniza com o Bloco Amigos do Zambiã. Ele fala “Quem tem tradição não tem como parar” e não para. Pretende realizar os projetos de Implantação do Núcleo de Estudos da Cultura Afro-Brasileira; Idosos: Ancestralidade e Vida; Dança, Samba de roda, Partido alto e Capoeira não podem faltar. A pretensão é tocar principalmente a mente das pessoas com o estudo dos movimentos. Sua visão abraça a preocupação com todos os povos, não só o africano, ele homenageia os índios, os ciganos; As atividades na Cabana do Fuscão traz sempre a gastronomia tendo como principal referência a baiana.
Entende que os artistas precisam ter espaço para sair da invisibilidade que o sistema que valoriza a cultura de massa lhe impõe, porque “o artista paga o preço por não ter preço”; então tem que ir à luta para abrir espaços, na maioria das vezes não lembrados pelas políticas públicas. Daí seu apoio ao trabalho do Laurocriativa.
Fonte: Entrevista concedida à Laurocriativa em 21/12/2020.
Sua musicalidade brasileira e suas interpretações arrojadas conquistaram, além de um público fiel, os elogios da crítica. Como intérprete, Erick trabalhou com os grupos Cesta Básica (PB), Mercedes Band (CE) e Grupo Etc e Tal (AL), já com os grupos Sine Qua Non (PB) e Zaraquê Trio (RN) gravou álbuns onde atuou também como compositor.
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