Comemora-se a Semana de Arte Moderna de São Paulo ou em São Paulo? Há diferenças ou isso é apenas uma forma de chamar a atenção para uma polêmica que em nada acrescentará ao nosso cabedal intelectual? Não há tempo a se perder com polêmicas inúteis, quando a vida está a nos exigir velocidade, principalmente nas questões de menor importância ou quem sabe em todas, pensam pessoas extremamente ocupadas (quase todas o são).
A fim de evitar ser maçante, preciso esclarecer que não é uma questão menor e, por isso, requer um pouco de profundidade por parte daqueles que se interessam pela formação do Brasil, enquanto país. Destarte peço um pouco de compreensão se parecer prolixo. Devemos, portanto, mergulhar no assunto, começando pelo estabelecimento de conceitos das divisões político-administrativa de um país e, também, das fronteiras de uma nação.
* Galeria de cards das atividades programadas para hoje.
Brasil, continente formulado desde o final do sec. XV pelos lusitanos e a Igreja Católica, viu com a invasão desses, a destruição das muitas nações de povos originários pelo genocídio e, também, pela escravização, a imposição de uma cultura dominante pelo poder das armas e pela implantação de um modelo econômico voltado para atender ao mercado europeu. Tudo voltado para atender aos interesses do dominador, elementos esses denominados colonizadores que formavam a aristocracia da terra.
Dando um salto no tempo, os filhos da aristocracia, quase sempre eram enviados para estudar na Europa e de lá traziam muitas ideias de liberdade, democracia e exemplos de lutas que contrastavam com um mundo muito diferente de sua formação cultural originária. É desse segmento que surgem os expoentes modernistas. Da São Paulo do final do século XIX e princípios do sec. XX, que liderava a economia brasileira, sob o domínio do café, sendo também liderança política e cultural. Tudo girava em torno de si. O restante do país era tratado como mera abstração. Por esses motivos, não havia necessidade, pensavam eles, de incluir modernistas de outros rincões.
* Galeria de cards das atividades já realizadas.
Alguns historiadores, afirmam que, o fato da vanguarda cultural paulistana ter organizado a Semana de Arte Moderna, não caracteriza uma centralização. Outros, ao contrário, pensam que, não só centralizou, como ignorou modernistas de outros estados, quando poderiam incluí-los, formando uma grande cruzada nacional que combateria a exclusão, valorizaria a temática popular, relacionando a identidade nacional e a cultura popular, fruto da miscigenação das três raças que compõem o elemento nacional.
* Galeria de cards das atividades já realizadas.
Findo essas provocações, considerando que não há aqui, objetivo de colocar o Modernismo no banco dos réus, o que caracterizaria anacronismo, julgamento de fatos históricos, fora do seu contexto, do seu tempo, além de mentalidades circunscritas. Por fim, deixo a critério dos leitores, a conclusão a respeito de qual preposição aplicar. Ressalto, não obstante, que podemos ressignificar esse movimento, buscando nos tornar elementos críticos, agentes da História que, aprendendo com os erros passados, possamos determinar os rumos da cultura, da sociedade e, pensar um futuro mais participativo, mais democrático, mais humano.
Lauro de Freitas, 22022022
Professor Airton Santos @airttonsantos
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